Os sintomas dos transtornos de ansiedade são inúmeros e podem se manifestar de infinitas formas. Cada sintoma pode surgir com uma intensidade e em momentos específicos para cada paciente.
Estão divididos, de forma didática, em: sintomas psíquicos (emocionais), sintomas físicos (do corpo) e sintomas cognitivos (da mente). Muitos já foram citados anteriormente, mas acho importante firmar o conceito, uma vez que o reconhecimento deles é a mais preciosa arma de diagnóstico. Após conversarmos um pouco sobre a perceção e a interpretação dos sintomas, iremos discutir as formas clássicas de ansiedade, baseadas nas classificações mais recentes utilizadas pela medicina.
Lembre-se de que a ideia não é, de forma alguma, incentivar o autodiagnóstico, mas sim propiciar uma ferramenta de auto compreensão para que todos possam ter um papel mais ativo na vigilância e perceção da sua própria ansiedade.
É importante frisar que a presença de um ou outro sintoma não quer dizer muita coisa. No diagnóstico precisamos analisar os sintomas associados (o conjunto da obra), a duração, a intensidade e o principal: o impacto na qualidade de vida.
Não existe doença psíquica se não houver impacto no rendimento e na qualidade de vida da pessoa
afetada e das que a cercam. Essa é a premissa de qualquer diagnóstico. Isso porque todo mundo sente ansiedade, uma vez ou outra, em um contexto ou outro. Só chamaremos de transtorno as formas mais exuberantes e disfuncionais (que atrapalham o rendimento da pessoa).
Gosto de imaginar a ansiedade como um transtorno espectral, ou seja, de um lado temos a ansiedade saudável, amiga, fisiológica e funcional, de outro temos as formas nitidamente patológicas, desagradáveis, e no meio temos inúmeras possibilidades de transtornos mais leves, moderados ou graves, exigindo cautela tanto no diagnóstico como na condução clínica. É importante notar que durante a vida uma pessoa pode transitar dentro desse espectro de possibilidades, estando ora em um polo mais patológico, ora em um polo mais saudável.
Outro ponto é que qualquer análise sobre a ansiedade deverá sempre avaliar o contexto de aparecimento dos sintomas. O mesmo sintoma expresso por alguém, em um contexto, pode ser normal, e em outro contexto, patológico.
Por isso, o médico sempre buscará compreender a situação de vida atual e pregressa de quem desenvolveu um transtorno de ansiedade.
Não existem exames capazes de identificar a ansiedade. O diagnóstico é meramente clínico, pautado na interpretação do médico e/ou do psicólogo, baseado em seu conhecimento técnico, sua experiência e suas impressões pessoais diante de determinado caso.
Por se tratar de um transtorno spectral, o ponto onde termina a normalidade e onde começa a doença não é tão nítido como se imagina, havendo alguma margem para interpretação.